Seu celular sabe mais da sua vida do que você mesmo
- Cida Napoli
- 19 de fev. de 2019
- 2 min de leitura

Duvida?
Então faça o seguinte teste: toque no ícone configurações, vá até privacidade e depois em serviços de localização. No final da tela você encontra serviços de sistema e, bem mais embaixo, toque em locais importantes. Depois de colocar a senha, vai descobrir, de verdade, o que você andou fazendo no verão passado.
No meu caso, depois de passar o Natal em Sampa, parti para o réveillon e férias em Santos-SP, na casa da minha mãe. Até aqui, tudo normal e planejado. Agora vamos aos detalhes: meu celular sabe que eu saí de casa no dia 31 de dezembro às 23h38, fui à pé até a praia e lá fiquei até 00h27 e só voltei a sair às 14h03 do dia 1º de janeiro. Nas três semanas seguintes, descobri que saí de casa 41 vezes, sendo 31 delas a pé e nas outras 10 saídas usei o carro e deslocamentos duraram exatos 75 minutos. Também estão no ‘relatório’ idas ao cinema, ao supermercado, ruas onde moram amigos e até o endereço da clínica onde levei minha mãe para uma consulta.
Sabiamente, cérebros apagam essas irrelevâncias e guardam só os momentos bacanas, que envolvem sentimentos, diversão, gente querida e situações que valeram à pena serem vividas. Então os registros detalhados dos nossos deslocamentos não servem para nada, certo?
Errado. Para começar, sem eles não teríamos acesso a facilidades oferecidas pelos celulares já incorporadas às nossas vidas, como descobrir endereços, lojas e cinemas próximos, ou chamar um carro por aplicativo. E mais: no caso do carro, os meus dados somados aos de um monte de gente da mesma cidade podem me orientar na escolha entre o caminho mais rápido e aquele que devo evitar para não perder um tempão no trânsito.
São serviços só possíveis por geolocalização, tecnologia que indica o posicionamento geográfico das pessoas. Por outro lado, servem também para monitorar a nossa vida e deduzir, por exemplo, que o local onde o seu celular fica mais tempo durante a noite deve ser a sua casa e onde ele fica mais tempo durante o dia deve ser o seu trabalho. Os locais que frequentamos podem dar pistas concretas sobre nossa religião, preferência política, time do coração e muito mais, por exemplo.
Nada disso é surpresa, já que faz um bom tempo que convivemos com a tecnologia móvel e usufruímos dos seus benefícios ao ponto de muita gente nem se lembrar como era a vida antes dela.
O conceito de privacidade vem mudando junto com a sociedade e se tornou um desafio nesse mundo conectado. O que dá pra ter certeza por enquanto é que, se você adora as conveniências que o seu celular oferece, vai ter que abrir mão da sua privacidade para poder usufruí-las.
É como na vida real: muitas vezes é preciso abrir mão de algo para atingirmos nossos objetivos.
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